quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Erro

"Depois de tanto tropeçar
E tanto querer ver a pureza em seus olhos,
Esquecer o mal que um dia já me causaram,
Cansei-me.

Segui a diante, vendo num passado tão próximo
As verdades que tanto me chamaram.
A decepção há tanto existente,
Tímida demais para extravasar.

Foi quando conheci um pássaro,
De qualidades tão fortes que me ofuscaram,
Confundiram, e me puseram a pensar e lhe perguntar:
- Porque demoraste tanto?

Ele então, humildemente,
Mostrou-me o quanto eu estava machucada,
Cansada demais para poder ouvir seu canto,
Insistindo incessantemente no erro de lutar contra todos os meus ideais."

Fernanda Mallmann

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Desculpem-me!

Eu sei que fiquei ausente por um período muito maior do que o previsto para qualquer um, até mesmo pra mim. Mas aqui estou novamente, espero que vocês estejam felizes pela volta e que COMENTEM (comentário a dois caros amigos: Vocês sabem quais são as regras, eu posto, vocês comentam! XD)

Hoje vai ser algo, hm, bem diferente do comum, mas espero que gostem...qualquer dúvida é só perguntarem. =]




“Para este esclarecimento, porém, nada mais se exige senão liberdade. E a mais inofensiva entre tudo aquilo que se possa
chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de sua razão em todas as questões. (...) Que limitação, porém, impede
o esclarecimento? Qual não o impede, e até mesmo o favorece? Respondo: o uso público de sua razão deve ser sempre livre
e só ele pode realizar o esclarecimento entre os homens. O uso privado da razão pode, porém, muitas vezes ser muito
estreitamente limitado, sem contudo por isso impedir notavelmente o progresso do esclarecimento. Entendo contudo sob o
nome de uso público de sua própria razão aquele que qualquer homem, enquanto sábio, faz dela diante do grande público do
mundo letrado. Denomino uso privado aquele que o sábio pode fazer de sua razão em um certo cargo público ou função a
ele confiado. Ora, para muitas profissões que se exercem no interesse da comunidade, é necessário um certo mecanismo,
em virtude do qual alguns membros da comunidade devem comportar-se de modo exclusivamente passivo para serem
conduzidos pelo governo, mediante uma unanimidade artificial, para finalidades públicas, ou pelo menos devem ser contidos
para não destruir essa finalidade. Em casos tais, não é sem dúvida permitido raciocinar, mas deve-se obedecer. Na medida,
porém, em que esta parte da máquina se considera ao mesmo tempo membro de uma comunidade total, chegando até à
sociedade constituída pelos cidadãos de todo o mundo, portanto na qualidade de sábio que se dirige a um público, por meio
de obras escritas de acordo com seu próprio entendimento, pode certamente raciocinar, sem que por isso sofram os
negócios a que ele está sujeito em parte como membro passivo. Assim, seria muito prejudicial se um oficial, a quem seu
superior desse uma ordem, quisesse pôr-se a raciocinar em voz alta no serviço a respeito da conveniência ou da utilidade
dessa ordem. Deve obedecer. Mas, razoavelmente, não se lhe pode impedir, enquanto homem versado no assunto, fazer
observações sobre os erros no serviço militar, e expor essas observações ao público, para que as julgue. (...) Do mesmo
modo também o sacerdote está obrigado a fazer seu sermão aos discípulos do catecismo ou à comunidade, de conformidade
com o credo da Igreja a que serve, pois foi admitido com esta condição. Mas, enquanto sábio, tem completa liberdade, e até
mesmo o dever, de dar conhecimento ao público de todas as suas idéias, cuidadosamente examinadas e bem-intencionadas,
sobre o que há de errôneo naquele credo, e expor suas propostas no sentido da melhor instituição da essência da religião e
da Igreja. (...) Por conseguinte, o uso que um professor empregado faz de sua razão diante de sua comunidade é unicamente
um uso privado, porque é sempre um uso doméstico, por grande que seja a assembléia. Com relação a esse uso ele,
enquanto padre, não é livre nem tem o direito de sê-lo, porque executa uma incumbência estranha. Já como sábio, ao
contrário, que por meio de suas obras fala para o verdadeiro público, isto é, o mundo, o sacerdote, no uso público de sua
razão, goza de ilimitada liberdade de fazer uso de sua razão e de falar em seu próprio nome.”
(KANT, I. “Resposta à pergunta: Que é ‘Esclarecimento’?”.)

Até mais.