sábado, 15 de agosto de 2009

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“Sem querer, às vezes, trago em mim a nossa lembrança.

E me parece que, realmente, tudo está preso aqui,

Que será impossível deixar ir embora, me desapegar.

E por mais incrível que pareça e mais improvável que eu gostaria que fosse,

Tem dias que não quero nada disso.

Mas já cansei de ver o quanto às vezes sinto falta

Daquela presença, do carinho, da impressão de que tudo ainda está lá.

Aquela falsa e errônea impressão de que tudo não passou de um sonho

E de que eu não sofri tudo o que sofri por uma mentira.

Mas por mais que eu queira,

Quando fecho os olhos e penso em todas aquelas pessoas

Que me fazem me sentir eu mesma,

Não encontro você em nenhuma esquina, em nenhum pensamento.

Não que isso seja algo ruim ou até que me surpreenda,

É só que talvez eu quisesse lembrar que não foi assim, tão efêmero.”

Fernanda Mallmann

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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Rasgadas em silêncio

“O maior problema de ter a mente vazia

É vê-la preenchendo-se com todos aqueles pensamentos desavisados

Cuja única utilidade é instaurar o caos.

Milhares de palavras soltas, perdidas;

Lembranças rasgadas, roupas sujas de alguma coisa que não volta mais.

Não volta mais.

Só volta pra beliscar como uma pinça as feridas há poucas feitas,

Sangrando em silêncio.

E o mais incrível é que há silêncio.

Nem mesmo o soluço incessante o afeta.

Afinal, como é possível escutar quando se está no vácuo?”


Fernanda Mallmann