terça-feira, 29 de setembro de 2009

Meio-começo-fim.

“O começo. É nele que reside minha dificuldade. Entendê-lo, enxergá-lo. Sempre penso nele, visualizo o mentalmente. E quando pego a caneta, ele insiste em esconder-se em algum lugar nessa mente vaga. O meio, entretanto, é como um vidro translúcido e espelhado, um amigo tão próximo que ás vezes me confunde comigo. É aí que me lembro dele. Ele é como o meio. Se funde a mim, me esmiúça. Com o tempo, me esmagou, retalhou aos pedaços, rasgando sem piedade essa carne toda. Me odeio, te odeio e odeia. E me apego, te seguro e me seguro. Meu porto seguro inundado numa tempestade voraz e sem compaixão. E me pergunto se é tudo isso mesmo ou se é só o frio e o pacote de melancolia que o acompanha. Já não sei mais, porque daqui onde estou, o fim é só uma fumaça sem forma, cheiro ou cor.”

Fernanda Mallmann – 29/09/09

domingo, 13 de setembro de 2009

Insistência.

“E como sempre, me perco e me encontro, me entendo e confundo, enxergo e apago. Tanto a ser feito, mas ainda assim, tanto que já cumpri. Tantas voltas, perguntas e variações, girando na minha redoma de vidro, na bolha inatingível sobre a qual sonhávamos e temíamos ao mesmo tempo. E ainda assim, não recolhi minhas cartas, não desisti desse jogo injusto, onde meu par está sempre em cima do muro, decidindo se vale a pena, enquanto já fui e voltei. E por mais que não haja um tempo certo, estipulado pra que tudo isso passe, só sinto que devo tentar de novo e de novo. Porque enquanto ainda houver algo de bom, nem que seja um minúscula faísca de alegria que desperte, apesar de toda a melancolia sempre presente, eu sei que jogo continua. Uns dizem que eu sempre perco, mas talvez, só seja preciso um pouco de experiência pra desenvolver alguma tática.”


Fernanda Mallmann

2009-09-13