domingo, 13 de setembro de 2009

Insistência.

“E como sempre, me perco e me encontro, me entendo e confundo, enxergo e apago. Tanto a ser feito, mas ainda assim, tanto que já cumpri. Tantas voltas, perguntas e variações, girando na minha redoma de vidro, na bolha inatingível sobre a qual sonhávamos e temíamos ao mesmo tempo. E ainda assim, não recolhi minhas cartas, não desisti desse jogo injusto, onde meu par está sempre em cima do muro, decidindo se vale a pena, enquanto já fui e voltei. E por mais que não haja um tempo certo, estipulado pra que tudo isso passe, só sinto que devo tentar de novo e de novo. Porque enquanto ainda houver algo de bom, nem que seja um minúscula faísca de alegria que desperte, apesar de toda a melancolia sempre presente, eu sei que jogo continua. Uns dizem que eu sempre perco, mas talvez, só seja preciso um pouco de experiência pra desenvolver alguma tática.”


Fernanda Mallmann

2009-09-13

Um comentário:

- disse...

-
Faço uso agora das palavras e da genialidade de Clarice, pra lhe dizer mais do que eu poderia com as minhas próprias:

"Agora a que sabia que era trabalhava sozinha, o que significava que aquela mulher estava sendo infeliz e inteligente. Tentou num último esforço inventar alguma coisa, um pensamento, que a distraísse. Inútil. Ela só sabia viver.
Até que a ausência de si mesma acabou por fazê-la cair dentro da noite e pacificada, escurecida e fresca, começou a morrer. Depois morreu docemente, como se fosse um fantasma. Não se sabe de mais nada porque ela morreu. Adivinha-se apenas que no fim ela também estava sendo feliz como uma coisa ou uma criatura podem ser. Porque ela nascera para o essencial, para viver ou morrer. E o intermediário era-lhe o sofrimento."

Amovocê.